(L’Ordre du discours, Leçon inaugurale au Collège de France prononcée le 2 décembre 1970, Éditions Gallimard, Paris, 1971.) Tradução de Edmundo Cordeiro com a ajuda para a parte inicial do António Bento.

(L’Ordre du discours, Leçon inaugurale au Collège de France prononcée le 2 décembre 1970, Éditions Gallimard, Paris, 1971.) Tradução de Edmundo Cordeiro com a ajuda para a parte inicial do António Bento.
Geysa Dayanne Gomes da Costa1
Fichamento2
“ A ordem do Discurso - Michel Foucault”
 “Em toda a sociedade a produção do discurso é simultaneamente controlada, seleccionada, organizada e redistribuída por um certo número de procedimentos que têm por papel exorcizar-lhe os poderes e os perigos, refrear-lhe o acontecimento aleatório, disfarçar a sua pesada, temível materialidade.”(FOUCAULT t, 1970, p. 8)
 Foucault assevera que há em nossa sociedade interdições, ou seja, “[...] não temos o direito de dizer o que nos apetece, que não podemos falar de tudo em qualquer circunstância, que quem quer que seja, finalmente, não pode falar do que quer que seja.” (FOUCAULT, 1970, p. 9)
 De acordo com Foucault “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta, é o próprio poder de que procuramos assenhorearnos.” (FOUCAULT, 1970, p. 10)
 Por meio desta obra, entendemos que o discurso, “não é simplesmente o que manifesta (ou esconde) o desejo; é também aquilo que é objecto do desejo; e porque — e isso a história desde sempre o ensinou — o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta, é o próprio poder de que procuramos assenhorear-nos.” (FOUCAULT t, 1970, p. 10)
1 Participante do Grupo de pesquisa AUDISCURSO, liderado pela doutoranda Janaina de Jesus Santos, Uneb/Campus VI.
2 Trabalho solicitado pela professora Janaina de Jesus Santos.
 Com relação a vontade de verdade Foucault afirma que “esta vontade de verdade, por
fim, apoiando-se numa base e numa distribuição institucionais, tende a exercer sobre os
outros discursos — continuo a falar da nossa sociedade — uma espécie de pressão e um
certo poder de constrangimento.” (FOUCAULT, 1970, p. 18)
 Para o filósofo “Se, com efeito, o discurso verdadeiro já não é, desde os Gregos, aquele
que responde ao desejo ou aquele que exerce o poder, o que é que, no entanto, está em
jogo na vontade de verdade, na vontade de o dizer, de dizer o discurso verdadeiro — o
que é que está em jogo senão o desejo e o poder?.” (FOUCAULT, 1970, p. 20)
 Nas concepções de Foucault, existem “os discursos que "se dizem" ao correr dos dias e
das relações, discursos que se esquecem no próprio acto que lhes deu origem; e os
discursos que estão na origem de um certo número de novos actos de fala, actos que os
retomam, os transformam ou falam deles, numa palavra, os discursos que,
indefinidamente e para além da sua formulação, são ditos, ficam ditos, e estão ainda por
dizer.” (FOUCAULT t, 1970, p.22 )
 “o novo não está no que é dito, mas no acontecimento de sua volta.” (Foucault, p.26)
 Em Foucault, entendemos o autor como um dos princípios do discurso. Para ele, o autor
precisa ser entendido, “não como o indivíduo que fala, o indivíduo que pronunciou ou
escreveu um texto, mas como princípio de agrupamento do discurso, como unidade e
origem das suas significações, como lastro da sua coerência.” (FOUCAULT, 1970,
p.26)
 De acordo o filósofo “A disciplina é um princípio de controlo da produção do discurso.
Fixa-lhe limites pelo jogo de uma identidade que tem a forma de uma reactualização
permanente das regras.” (FOUCAULT, 1970, p.36)
 “Ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer certas exigências, ou se não
estiver, à partida, qualificado para o fazer.” (FOUCAULT, 1970, p.37)
 Foucault diz que “O ritual define a qualificação que devem possuir os indivíduos que
falam (e que, no jogo do diálogo, na interrogação, na recitação, devem ocupar
determinada posição e formular determinado tipo de enunciados); define os gestos, os comportamentos, as circunstâncias e todo o conjunto de sinais que devem acompanhar o discurso.” (FOUCAULT, 1970, p.39)
 “As "sociedades de discurso" têm por função conservar ou produzir discursos, mas isso para os fazer circular num espaço fechado, e para os distribuir segundo regras estritas, sem que os detentores do discurso sejam lesados com essa distribuição.” (FOUCAULT, 1970, p.39)
 “O discurso nada mais é do que o reflexo de uma verdade que está sempre a nascer diante dos seus olhos; e por fim, quando tudo pode tomar a forma do discurso, quando tudo se pode dizer e o discurso se pode dizer a propósito de tudo, é porque todas as coisas que manifestaram e ofereceram o seu sentido podem reentrar na interioridade silenciosa da consciência de si.” (FOUCAULT, 1970, p.49)
 Em Foucault vemos que há três grandes procedimentos de sujeição dos discursos “os rituais da palavra, as sociedades do discurso, os grupo doutrinários, e as apropriações sociais. A maior parte do tempo, eles se ligam uns aos outros e constituem espécies de grandes edifícios que garantem a distribuição dos sujeitos que falam nos diferentes tipos de discursos e a apropriação dos discursos por certas categorias de sujeitos. (FOUCAULT, 1970, p. 44)
 Entendemos a partir da Ordem do discurso que há em nossa sociedade “ uma espécie de temor surdo por esses acontecimentos, por essa massa de coisas ditas, pelo surgimento de todos esses enunciados, por tudo o que neles pode haver de violento, de descontínuo, de batalhador, de desordem também e de perigoso, por esse burburinho incessante e desordenado do discurso.” (FOUCAULT, 1970, p. 50)
 De acordo com Foucault (1970, p.46) “O pensamento ocidental esteve sempre de guarda para que o discurso ocupasse o mais pequeno espaço possível entre o pensamento e a palavra; esteve de guarda para que esse discorrer entre pensar e falar surgisse apenas como um certo legado ; um pensamento que estaria revestido com os seus signos e que
se tornaria visível pelas palavras, ou seriam as próprias estruturas da língua em acção, inversamente, que produziriam um efeito de sentido”.
 Entendemos que “Os discursos devem ser tratados como práticas descontínuas que se cruzam, que às vezes se justapõem, mas que também se ignoram ou se excluem.” (FOUCAULT, 1970, p. 52)
 Podemos considerar o discurso como prática a partir da afirmação de Foucault quando assevera que “é necessário conceber o discurso como uma violência que fazemos às coisas, em todo o caso como uma prática que lhes impomos; e é nessa prática que os acontecimentos do discurso encontram o princípio da sua regularidade.” (FOUCAULT 1970, p. 53).
 Foucault afirma que é necessário “a partir do próprio discurso, do seu aparecimento e da sua regularidade, ir até às suas condições externas de possibilidade, até ao que dá lugar à série aleatória desses acontecimentos e que lhes fixa os limites. Quatro noções devem servir, por conseguinte, de princípio regulador à análise: a de acontecimento, a de série, a de regularidade, a de condição de possibilidade.” (FOUCAULT, 1970, p. 53)
 O filosofo nos apresenta as noções fundamentais da análise do discurso “as do acontecimento e da série, com o jogo de noções que lhes estão ligadas ; regularidade, acaso, descontinuidade, dependência, transformação ; é por intermédio deste conjunto de noções que esta análise do discurso se articula com o trabalho dos historiadores e de maneira nenhuma com a temática tradicional que os filósofos de ontem tomam ainda por história "viva".” (FOUCAULT t, 1970, p. 56)
 Toda a tarefa crítica, interrogando as instâncias de controlo, deve ao mesmo tempo analisar as regularidades discursivas por intermédio das quais aquelas se formam ; e toda a descrição genealógica deve ter em conta os limites actuantes nas formações reais. (FOUCAULT t, 1970, p. 56)
 Para Foucault “há pelo menos uma coisa que deve ser sublinhada : assim entendida, a análise do discurso não vai revelar a universalidade de um sentido, mas trazer à luz do
dia a raridade que é imposta, e com um poder fundamental de afirmação. Raridade e afirmação, raridade da afirmação.” (FOUCAULT, 1970, p. 70)

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