Descontinuidade e discurso
Claudinete Sobrinho                     

Com o objetivo de apresentar um método de investigação que propicia o fazer de um pensamento inovador, o filósofo Francês Paul Michel Foucault apresenta em sua obra, Arqueologia do saber (1969) conceitos e estudos que se definem e se relacionam para o método arqueológico. Segundo o autor, o método arqueológico consiste basicamente na escavação de um determinado elemento, predominando assim a sua análise de acordo com um determinado contexto. Entre seus estudos, é abordado o conceito de descontinuidade, que significa a análise das rupturas dos acontecimentos históricos.
Para Foucault a história é basicamente descontínua. A história nova busca analisar os fatos especialmente, as rupturas dos acontecimentos, levando em consideração todo o contexto, aqui a descontinuidade se torna ponto essencial para as análises históricas sob um triplo papel: primeiro, analisar o descontínuo, comum ao historiador; segundo, é resultado de seus estudos; e por fim, é uma noção que se adequa em qualquer situação. Isso significa dizer que a descontinuidade tem um valor significativo nas análises da história atual, embora seja um conceito que se contradiz, já que “é ao mesmo tempo instrumento e objeto de investigação; uma vez que delimita o campo do qual é o efeito; uma vez que permite individualizar os domínios, mas só pode ser estabelecida pela sua comparação” (Foucault, 2005, p. 35).
Para o filósofo, o discurso consiste em uma teia de relações anônimas que produzem e são produzidos o tempo todo, de maneira que controlam uma sociedade. Não se pode dizer tudo em qualquer lugar, há um momento histórico que propicia o aparecimento ou não dos discursos. Assim, é necessário considerar o momento histórico para compreender a produção dos discursos, ou ainda, produzi-los. Diante disso, a descontinuidade é característica básica do discurso do historiador que busca não mais compreender a linearidade dos acontecimentos, mas exatamente suas rupturas. Portanto, a descontinuidade torna se uma prática para a história atual, onde ela passa a ser o que define o objeto e valida a sua análise.




 FOUCAULT, M. Introdução. In A Arqueologia do Saber. Trad. Miguel Serras Pereira. Coimbra: edições almedina, 2005.


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