A
MENSAGEM FOTOGRÁFICA
BARTHES, R. A Mensagem Fotográfica. Teoria de Cultura de
Massas, Adordo et al. Luis Costa Lima, org – #. Ed. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1982.
“[...] a foto não é
apenas um produto ou um caminho, é também um objeto, dotado de uma autonomia
estrutural: sem de nenhum modo pretender separar esse objeto de seu uso,
torna-se necessário prever aqui um método particular, anterior a própria
análise sociológica, e que não pode ser senão a análise imanente dessa
estrutura original, que uma fotografia é”. p. 1
A fotografia é uma
mensagem, composta por estrutura, milimetricamente pensada para publicidade,
nela contém informação desde a linguagem escrita até a imagem propriamente
dita. Como podemos pensar nas capas de filmes, a escolha das cores, a posição
dos personagens, o enquadramento, o ambiente em que vai ser tirado, tudo isso
faz parte de um planejamento de fotografia, pensando em cada parte dessas, contém
informação do produto.
“[...] a estrutura da
fotografia não é uma estrutura isolada; ela comunica pelo menos com uma outra
estrutura, que é o texto de que vai acompanhada toda foto de imprensa. A
totalidade da informação é, pois, suportada por duas estruturas diferentes;
essas duas estruturas são convergentes, mas como suas unidades são
heterogêneas, não podem se misturar, aqui a substancia da mensagem é
constituída por palavras; ali, por linhas, superfícies, tonalidades. Além
disso, as duas estruturas da mensagem ocupam espaços reservados, contíguos, mas
não ‘homogeneizados’ [...]” p.1
O texto escrito tem
função de complementar a imagem, por tanto a imagem fotográfica não tem
estrutura isolada cada uma comunica com a outra. Para pensar em uma imagem é interessante
pensar qual a linguagem escrita que vem acompanhada, vejamos em capas de filmes
de horror, o título do filme remete a algo de horror, os elementos que compõe
as capas traz algo que remete ao sangue, algo assustador, toda essa estrutura
compõe o conjunto da capa, assim o telespectador já tem uma prévia visão do que
vem acontecer no filme.
“[...] muito embora não
haja foto de imprensa sem comentário escrito, a análise deve incidir primeiro
sobre cada estrutura separada; é só quando se tiver esgotado o estudo de cada
estrutura que se poderá compreender a maneira como se completam. Destas duas
estruturas uma já conhecida, a da langue;
a outra, a da foto propriamente dita, é mais ou menos conhecida.
Limitar-nos-emos a definir as primeiras dificuldades de uma análise estrutural
da mensagem fotográfica”. p. 2
Compreende-se dessa
forma, que para a análise da fotografia faz-se necessário dividir e analisa-las
por parte, sendo assim, após ter esgotado todas as possibilidades de estudar
cada estrutura, pode se compreender a maneira como se complementam. Ao analisar
uma capa de filme, por exemplo, é necessário fazer a descrição de cada parte
dos seus elementos, logo após buscar regularidades com o enunciado linguístico
que o acompanham, assim você compreende todo o conjunto imagético.
“[...] descrever não é,
portanto, apenas ser inexato ou incompleto, é mudar de estrutura, é significar
outra coisa além do que se mostra. ” p.3
A descrição da imagem
auxilia na análise, pois a partir da descrição pode-se observar o que está além
do que está sendo mostrado. Pensar em uma descrição de imagem, é procurar cada detalhe
que ali está produzido cores, pose, entre outros... e depois perguntar, como
foi produzido? Por que esse e não outro? A partir dessas informações, você
encontra além do que está sendo mostrado na imagem.
“[...] o texto constitui
uma mensagem parasita, destinada a conotar a imagem, isto é, a lhe ‘insuflar’
um ou vários significados segundos [...] a imagem já não ilustra a palavra; é a
palavra que, estruturalmente, é parasita da imagem; [...] a imagem funcionava
como um retorno episódico à denotação, a partir da mensagem principal, que era
sentido como conotado, pois, que ele tinha precisamente necessidade de
ilustração [...]” p. 7
Entende-se aqui que, o
texto dá significado a imagem, em propagandas observamos as imagens e o texto
entendendo que a imagem ilustra o texto, porém é o contrário a imagem traz um
sentido literal enquanto o texto traz uma metáfora do texto
“[...] o efeito de
conotação é provavelmente diferente segundo o modo de apresentação do discurso;
quanto mais próximo está o discurso da imagem, menos parece conotá-la [...] a
mensagem verbal parece participar de sua objetividade, a conotação da linguagem
se “inocenta” pela denotação da fotografia; é verdade que nunca se dá
incorporação verdadeira [...]” p. 8
Dessa forma, percebe-se
que nem sempre o texto condiz a imagem, sendo ela uma metáfora, mas quanto mais
próximos em significado estiver a imagem e a palavra, menos ela é metaforizada,
a linguagem participa do sentido da imagem e ela é inocentada pelo sentido
literal da imagem.
BARTHES, R. O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1990.
Edilane Gomes
A
RETÓRICA DA IMAGEM
“[...] Os linguistas não
são os únicos a suspeitar da natureza linguísticas da imagem; a opinião geral
também considera [...] a imagem como um centro de resistência ao sentido, em
nome de uma certa ideia mítica da vida: a imagem é representação [...] e
sabe-se que o inteligível é tido como antipático ao vivenciado. [...]” p.27
Compreendemos a linguagem
imagética como fácil de entender, pois é de livre acesso para todos os
públicos. Porém, sua mensagem tem que ser clara e objetiva. Como podemos
observar as capas dos filmes, elas trazem uma linguagem clara, pois pretende
vender o filme ao telespectador, sempre acompanhado com linguagem escrita, seja
só com o título ou com alguma legenda que irá chamar atenção.
“[...] em publicidade, a significação da
imagem é [...] intencional: são certos atributos do produto que formam a priori os significados da imagem
publicitária, e estes significados devem ser transmitidos tão claramente quanto
possível; se a imagem contém signos [...] em publicidade, esses signos são
plenos, formados com vistas a uma melhor leitura: a mensagem publicitária é franca, ou pelo menos, enfática. ” p. 28
A propaganda em imagem,
tem que ser articulada de forma bem planejada, pois é uma linguagem que deve
chegar a todo tipo de público, por isso deve ser claro e objetivo. Em
publicidade, tudo é intencional, desde a escolha da imagem, do ângulo até as
cores e a linguagem escrita que a acompanha. Vejamos em uma capa de filmes, por
exemplo, o enquadramento dos personagens, se houver, as escolhas estratégicas
dos elementos que a compõe, bem como o título do filme, tudo pensado de acordo
com que haja uma boa compreensão e possa induzir ao espectador a assisti-lo.
“[...] Para encontrar imagens sem palavras,
será, talvez, necessário remontar a sociedades parcialmente analfabetas [...],
uma espécie de estado pictográfico da imagem [...]” p. 31
Dessa forma, podemos
ressaltar que as imagens e as palavras se complementam, pois, uma dá significado
a outra e torna fácil a compreensão. A linguagem escrita funciona como forma de
fixação da propaganda, dessa maneira, percebe-se que a imagem não fala por si
só, ou pelo menos não é um atrativo, sem a palavra, na publicidade.
“[...] a mensagem linguística
está presente em todas as imagens: como título, como legenda, como matéria
jornalística, como legenda de filme, como fumetto;
como se vê, questiona-se hoje o que se chamou de civilização da imagem: somos
ainda [...], uma civilização da escrita, por que a escrita e a palavra são
termos carregados de estrutura informacional. [...] só a presença da mensagem
linguística é importante, pois, nem seu lugar, nem sua extensão parecem
pertinentes [...]” p. 32
Como podemos observar,
encontramos as mensagens escritas em todas as imagens, apesar das imagens está
ganhando o centro publicitário, a sociedade ainda é uma civilização da
escrita. No cinema, traz a linguagem
audiovisual para que possa se ter uma atração maior ao público, em capas de
filmes, livros, revistas, essa linguagem é escrita, assim percebemos que a
linguagem verbal ainda é muito forte na sociedade.
“[...] o texto é
realmente a possibilidade do criador de exercer um controle sobre a imagem: a
fixação é um controle, detém uma responsabilidade sobre o uso da mensagem
[...]” p. 33
A mensagem linguística
prende o leitor a imagem, pois ele fixa a informação, esse processo de fixação
é um controle que o criador da mensagem tem para com o receptor. No audiovisual
a linguagem verbal prende o espectador.
“A fixação é a função mais frequente da
mensagem linguística; é comumente encontrada na fotografia jornalística e na
publicidade. [...] Aqui a palavra e a imagem têm uma relação de
complementaridade; as palavras são, então, fragmentos de um sintagma mais geral,
assim como as imagens, e a unidade de mensagem é feita em um nível superior
[...]” p. 33-34
Nessa perspectiva,
compreendemos a mensagem linguística com a função de fixação, por isso é comum
encontra-la nas mensagens publicitária, uma vez que a palavra e a imagem se
complementam.
“[...] A retórica da imagem é, assim,
específica na medida em que é submetida às imposições físicas da visão, mas
geral, na medida em que as ‘figuras’ nunca são mais do que relações formais de
elementos. Essa retórica só poderá ser constituída a partir de um inventário
suficientemente vasto, mas, pode-se prever desde já que nele encontraremos
algumas das imagens descobertas outrora pelos Antigos e pelos Clássicos. [...]”
p. 40
Entende-se que a mensagem
publicitária, tem que comunicar de forma clara, transmitindo ideias com
convicção. Por isso que a mensagem publicitária não se perde no tempo, é uma
maneira de convencer o público alvo a ver o produto, seja ele filme, livros,
revistas, enfim... essa linguagem é constituída por um vocabulário popular, de
fácil compreensão e bem articulado.
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