A mensagem fotográfica e a Retórica da imagem Leanne Castro

BARTHES, R. O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
A RETÓRICA DA IMAGEM
Leanne de Jesus Pereira Castro

“Segundo uma antiga etimologia, a palavra imagem deveria estar ligada á raiz de imitari [...] a imagem é representação, ou seja, a ressureição, e sabe-se que o inteligível é tido como antipático ao vivenciado. [...] uns pensam que a imagem é um sistema muito rudimentar em relação a língua; outros, que a significação não pode esgotar a riqueza indivisível da imagem. (p. 27)
A imagem nos é dada como representação de algo que foi registrado, e por isso eternizado. Assim como a linguagem verbal ou escrita a imagem oferece elementos riquíssimos cheios de significados.
“[...] em publicidade, a significação da imagem é certamente intencional, são certos atributos do produto que formam a priori os significados da imagem publicitária. [...] a imagem publicitária é franca, ou pelo menos enfática. ” (p.28)
Nesse caso a imagem é usada intencionalmente como representante de um produto, não se diferenciando dos nossos filmes, onde as capas por exemplo são uma prévia do filme, onde estão escritos verbal/ imageticamente a representação do enredo.
“ a mensagem linguística será constante?[...] ao nível das comunicações de massa, quer nos parecer que a mensagem linguística está presente em todas as imagens.[...] ao nível da mensagem literal, a palavra responde, de maneira mais ou menos direta, mais ou menos parcial. [...] a mensagem linguística orienta não mais a identificação, mas a interpretação. Dessa forma [...] a mensagem linguística é comumente encontrada em fotografia jornalística e na publicidade. (p.32-33 grifo nosso)
Cabe a mensagem linguística a combinação de imagens e palavras, onde uma vai completar a outra no sentido do significado imposto na imagem.
“[...] de todas as imagens, só a fotografia possui o poder de transmitir a informação (literal) sem a compor com a ajuda de signos descontínuos e regras de transformação. [...] as intervenções humanas na fotografia (enquadramento, distância, luminosidade, nitidez, filé etc.) pertencem, na verdade, ao plano da conotação. [...] a fotografia instaura na verdade... a consciência do ter estado aqui. ” (p.35-36)
A maneira que a câmera nos mostra as imagens, nos permite uma leitura rápida do que a imagem sugere. Com um olhar mais analítico passaremos a decodificar o que a imagem representa, a forma que a imagem/ fotografia foi captada revela os sentidos contidos nela.

“A imagem em sua conotação se constitui por uma arquitetura de signos provindo de uma profundidade de léxicos (de idioletos), cada léxico, por mais ‘profundo’ que seja, sendo codificado,se, como se pensa atualmente, a própria psichê é articulada como uma linguagem.” (p. 38 grifo nosso ) 

BARTHES, R. A Mensagem Fotográfica. Teoria de Cultura de Massas, Adordo et al. Luis Costa Lima, org – #. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982.
   

A mensagem fotográfica 
Leanne de Jesus Pereira Castro
“[...] a foto não é apenas um produto ou um caminho, é também um objeto, dotado de uma autonomia estrutural: sem de nenhum modo pretender separar esse objeto de seu uso [..] a estrutura da fotografia não é uma estrutura isolada; ela comunica pelo menos com uma outra estrutura, nesse sentido a imagem não é o real; mas ela é pelo menos seu perfeito analogon, e é precisamente esta perfeição analógica que, para o senso comum, define a fotografia. ” (p. 1-2
A fotografia assim como enunciado se insere em uma rede de significados, uma vez que não é uma estrutura isolada como citada por Barthes, possui significados como representante de um objeto real.

“[...] o significante é um certo "tratamento" da imagem sob a ação do criador, e cujo significado, quer estético, quer ideológico, remete a uma certa cultura da sociedade que recebe a mensagem. Temos então assim, dois tipos de mensagem uma mensagem denotada, que é o próprio analogon, e uma mensagem conotada, que é a maneira como a sociedade dá a ler, em certa medida, o que ela pensa. ” (p.2)

Como enunciado a fotografia passa uma mensagem que inicialmente é conduzida, intencionalmente por quem a produz. A capa de um filme como mensagem fotográfica podemos dizer que trata-se de uma trucagem onde os elementos são posicionados intencionalmente cada um em seu lugar, no intuito de conduzir o público a aceitação do filme.
 “de um lado, uma fotografia de imprensa é um objeto trabalhado, escolhido, composto, construído, tratado segundo normas profissionais, estéticas ou ideológicas, que são outros tantos fatores de conotação; e, de outro, essa mesma fotografia não é apenas percebida, recebida, ela é lida, ligada mais ou menos conscientemente pelo público que a consome a uma reserva tradicional de signos; “ (p. 3)
Nessa ótica, a fotografia é criada de traços intencionais com o objetivo de um destino certo, é uma mensagem conotativa, destinada a um público com uma intensão planejada.
“A conotação, isto é, a imposição de um sentido segundo a mensagem fotográfica propriamente dita,se elabora nos diferentes níveis de produção da fotografia (escolha, tratamento técnico, enquadramento, paginação):” (p. 4)

“[...] a imagem funcionava como um retorno episódico à denotação, a partir de uma mensagem principal (texto) que era sentido como conotado, pois que ele tinha precisamente necessidade de uma ilustração; na relação atual, a imagem não vem "iluminar" ou "realizar" a palavra; é a palavra que vem sublimar, patetizar ou racionalizar a imagem;” (p.7)

Vemos que as capas de filmes que é nosso objeto de estudo, são imagens que fazem a propaganda desse objeto, percebemos na fotografia a imposição de elementos linguísticos, também informações conotativas que são plantadas ali para reforçar a mensagem fotográfica.

“[...] a leitura da fotografia é portanto sempre histórica: ela depende do "saber" do leitor, exatamente como se se tratasse de uma língua verdadeira, inteligível somente se aprendemos os seus signos [...] o que faz de um objeto inerte uma linguagem e que transforma a incultura de uma arte "mecânica" na mais social das instituições. ”  (p. 9 e 11)
Apesar de toda intencionalidade plantada na fotografia para propaganda, o conhecimento de mundo do público é muito importante para a decifração do sentido imposto ali. 

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